Grávidas podem realizar exercícios físicos até o nono mês desde que liberadas pelo médico
Foto: Reprodução/internet
Os nove meses quando uma mulher espera uma criança no ventre costumam ser um período de cuidados especiais, mas já se foi o tempo em que gravidez era considerada doença. Uma gestante pode levar uma vida normal, tomando alguns cuidados, é claro, mas nada de repouso absoluto. Os médicos inclusive aconselham que, depois do terceiro mês de gravidez, a gestante pratique exercícios físicos.
De acordo com Odete Lisboa, professora de pilates, hidroginástica e natação na Vivágua, na Madalena, os exercícios físicos realizados durante a gestação precisam ser liberados pelo médico da gestante. "Se a mulher nunca tiver feito exercício, é melhor que ela faça hidroginástica", aconselha Odete. Na academia, hidro realmente é o exercício mais procurado pelas mulheres e a professora explica os benefícios da prática: "A realização de exercícios na água faz com que exista uma melhora da circulação sanguínea, além da diminuição do peso corporal - o que dimiui o impacto na coluna. Além disso, o toque da água no corpo pode ocasionar estímulos interessantes pra mãe e pro bebê".
Mas é preciso também atenção até mesmo com a hidroginástica: como os exercícios costumam ser leves, a aluna corre o risco de exagerar: "A água, por si só, já faz com que os movimentos sejam ampliados e as grávidas liberam uma proteína chamada relaxina que pode fazer com que elas se esforcem mais e não percebam. Por isso, às vezes pode haver lesões", alerta Odete.
A estudante de comunicação Julia Magnoni, 21 anos, foi capoeirista assídua até os 16 e, de lá para cá, estava realizando a atividade sem muita constância. Julia hoje está há 27 semanas (quase sete meses) esperando Lia e, desde o quinto mês de gestação tem se dedicado à prática de pilates. "A médica sugeriu que eu fizesse algum exercício físico, tipo caminhada, porque do quarto pro quinto mês eu engordei 4kg", lembra Júlia.
A futura mãe, que odeia caminhada, inicialmente seguiu a sugestão da sogra e procurou uma turma de yoga, mas acabou desistindo: "Acho que não ia ter paciência porque é um pouco mais lento que capoeira". Julia então seguiu o conselho de uma amiga, procurou aulas de pilates e tem gostado: "Os exercícios são ótimos! A professora desenvolve uma rotina pra cada aluno de acordo com a particularidade de cada um". E detalha: "No meu caso, tem muito alongamento, muito exercício de postura e condicionamento da coluna e do abdômen. Como eu quero parto normal, ela acha importante trabalhar a musculatura da barriga que vai me ajudar na hora do parto".
A professora Odete Lisboa também aconselha a prática de pilates. De acordo com ela, os exercícios podem melhorar o equilíbrio, a percepção corporal e promover uma reeducação da postura. "Os exercícios trabalham bastante com respiração e isso promove a calma, combate a insônia, aumenta a força, a tonificação dos músculos, oxigena melhor o organismo", explica. No entanto quem conduz os exercícios deve ficar bem atento já que o pilates exige uma mudança constante de plano que pode não ser interessante para as grávidas: "Mas se os exercícios forem feitos com cuidado, não há nenhum problema", acalma a instrutora. Júlia já sente os benefícios das técnicas de respiração: "Você descobre que no organismo há vários equipamentos diferentes e específicos pra cada parte do seu corpo. Na hora você cansa, mas seu corpo não fica muito dolorido porque não é um exercício de impacto".
Julia está quase com sete meses e pretende continuar praticando pilates mesmo depois do nascimento de Lia (Foto: Lorena Aquino/Cortesia)
MUSCULAÇÃO - Até a musculação, que trata de exercícios mais pesados do que o pilates e a hidro, pode ser feita durante a gravidez. Mas a liberação para essa prática, claro, depende de cada paciente conforme explica a ginecologista e obstetra Silvana Menela: "Tenho pacientes que sempre fizeram musculação e, durante a gravidez, liberei a prática", lembra. No entanto é preciso que exista uma adequação na série de exercícios: "A atleta deve se concentrar em exercícios de repetição e não nos de peso", aconselha.
O professor de musculação Felipe Neiva, da academia Fit Club, nos Aflitos, concorda com a médica: "É preciso direcionar o tipo de treino, realizar muitos exercícios aeróbicos, fortelecer a coluna por causa do novo peso da barriga e trabalhar a musculatura pélvica. Mas é preciso ter atenção com a carga de exercícios para que a mãe não necessite de muito oxigênio e acabe faltando para o filho", alerta o professor.
Todos os exercícios devem ser de leves a moderados. A médica Silvana Menelau chama atenção para a respiração: "Se a gestante termina a série de exercícios exausta, a prática não está certa". A ginecologista acredita que os hábitos antes e durante a gestação não devem mudar bruscamente: "Tem gente que nunca fez exercício e, quando engravida, quer ser atleta. É preciso tomar muito cuidado com isso; o corpo não está acostumado", alerta Silvana.
Outra prática muito procurada pelas gestantes é o yoga. De acordo com Lucia Elena, instrutora de yoga no Espaço TeSer, no bairro do Rosarinho, a prática traz benefícios nos aspectos físico e mental, contribuindo para o equilíbrio emocional e a saúde física: "A prática do yoga com as gestantes é realizada através de posturas e movimentos que levam à preparação e ao fortalecimento da musculatura da região pélvica e de pernas, maior conforto para a região das costas e coluna, flexibilidade e alongamento, melhora da circulação, equilíbrio mental e emocional".
O yoga também proporciona o desenvolvimento da consciência corporal, acarretando em maior autonomia e participação antes e durante o parto: "O trabalho também auxilia as futuras mães a aumentar o vínculo com o bebê, na medida em que elas tomam consciência do que está se passando dentro do seu corpo", garante a instrutora. Durante a sequência dos movimentos, o trabalho com a respiração está sempre presente, o que reduz a ansiedade e propicia o relaxamento. "A paz interior e a calma serão responsáveis pelo êxito da gravidez e, consequentemente, um parto tranquilo, o que não quer dizer sem dor, mas com uma maior tranquilidade da mãe para acolher o filho", explica Lucia Elena.
O yoga, assim como os demais exercícios físicos, só podem ser feitos mediante liberação médica e é preciso tomar muito cuidado no primeiro trimestre de gestação. O mais aconselhável, segundo os médicos, é que as práticas só se iniciem após esse período. A mulher pode se exercitar até a hora de dar à luz - vai depender da gravidez de cada uma.
De acordo com a obstetra Silvana Menelau, os benefícios dos exercícios físicos são muitos: "Evita a diabetes gestacional, o aumento de pressão arterial, a mulher não ganha muito peso, melhora a concentração, o equilíbrio e fortalece as musculaturas". Julia, que começou a se exercitar devido ao aumento de peso, já sentiu a diferença: "Do quinto pro sexto mês eu ganhei só um quilo e, do sexto pro sétimo, eu perdi esse quilo", comemora. "Pra mim está sendo ótimo. Antes de começar, eu estava ficando com o pé muito inchadinho e com uns nós nas costas, que a professora ajuda a aliviar na hora dos exercícios".
Fonte:NE10
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